A presença de facções criminosas na região do Marajó tem se tornado um problema cada vez mais preocupante para a segurança pública e para os moradores. De acordo com o relatório Cartografias da Violência na Amazônia, a facção Comando Vermelho (CV) domina grande parte dos municípios do arquipélago, enquanto em algumas áreas há também a presença da facção Família Terror do Amapá (FTA). Diferente de outras regiões do país, onde esses grupos costumam travar conflitos sangrentos pelo controle do tráfico, no Marajó há uma relativa convivência entre essas facções, o que não significa uma diminuição da criminalidade.
Como as facções atuam no Marajó?
As facções se aproveitam das dificuldades socioeconômicas da região para expandir seu domínio. O relatório aponta que o Marajó enfrenta altos índices de pobreza, desemprego e evasão escolar, fatores que tornam os jovens presas fáceis para o recrutamento pelo crime organizado. Sem perspectivas de trabalho e renda, muitos acabam entrando no tráfico de drogas, um dos principais pilares da atuação dessas facções.
Além disso, a geografia do Marajó favorece o crime. Com inúmeras ilhas, rios e igarapés, a fiscalização das rotas de tráfico se torna mais difícil, facilitando o transporte de drogas e armas. As cidades da região se tornam não apenas pontos de consumo, mas também áreas estratégicas para a distribuição de entorpecentes.
Impacto na vida dos moradores
A violência gerada pelo domínio das facções altera a rotina das cidades marajoaras. Pichações com siglas de grupos criminosos em bairros, ordens impostas à população e execuções de desafetos são parte do cenário que se repete em diversas localidades. O medo e a insegurança fazem com que muitos moradores evitem sair à noite e limitem suas atividades.
“Antigamente, a gente podia sentar na porta de casa e conversar até tarde. Agora, depois de um certo horário, é melhor entrar e fechar a porta”, diz um morador de Soure, que preferiu não se identificar.
Outro efeito grave é a dificuldade do Estado em garantir a presença das forças de segurança. O efetivo policial no Marajó é reduzido, e a falta de infraestrutura dificulta operações de combate ao crime. Além disso, a vulnerabilidade das fronteiras fluviais faz com que o tráfico de drogas continue a se expandir.
O que pode ser feito?
O enfrentamento das facções criminosas no Marajó exige uma abordagem ampla, que vá além da repressão policial. Especialistas apontam que é fundamental investir em educação, geração de empregos e políticas sociais para oferecer alternativas aos jovens e reduzir o poder de recrutamento das facções.
Além disso, o fortalecimento das forças de segurança na região, com mais policiais, melhor infraestrutura e inteligência no combate ao crime organizado, é essencial para conter a atuação dessas organizações criminosas.
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A situação no Marajó reflete um problema que se estende por toda a Amazônia. Enquanto as facções criminosas continuarem a se fortalecer, a população permanecerá refém da violência e do medo. Combater essa realidade exige um esforço conjunto do governo, das instituições de segurança e da sociedade civil, para garantir um futuro mais seguro para os marajoaras.